Casa de Saúde São José está preparada para atender casos de Coronavírus se doença chegar ao Rio

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Mais de 200 funcionários e colaboradores do hospital participaram de seminário sobre a doença. O infectologista Vitor Martins conversou com a equipe de comunicação da Femerj. Confira.
Ingrid Ferrari e Natália Oliveira

A discussão sobre a nova mutação do vírus tem roubado a cena nos últimos meses no país, não só entre especialistas, mas em toda a sociedade. Em janeiro deste ano, a OMS declarou o surto da doença como uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional. O coronavírus é uma família de vírus conhecida desde a década de 1960 e que nos anos 2000 causou duas grandes epidemias no oriente.

De acordo com os últimos dados divulgados pela OMS, foram confirmados 76.769 casos do novo coronavírus no mundo, sendo 75.569 na China. No Brasil, o Ministério da Saúde tem atuado junto às Secretarias de Estado e dos municípios para criar um plano de ação de enfrentamento, caso a doença chegue ao país. Até o momento, apenas um caso considerado suspeito está sendo monitorado, segundo o Ministério.

Foto: Erasmo Salomão/MS

Veja mais no site: https://www.saude.gov.br/saude-de-a-z/coronavirus

A Casa de Saúde São José, afiliada da Femerj, também já se organizou e vem preparando a equipe para uma possível chegada do novo vírus ao Rio de Janeiro. O infectologista Vitor Martins afirmou que o hospital recebeu recomendações do governo e buscou informações em publicações internacionais para montar um protocolo de atendimento para casos suspeitos de infecção pelo vírus. A Casa de Saúde realiza um dos testes usados para identificar o novo coronavírus, o Viroma, que analisa materiais respiratórios coletados e através da sequência genética do vírus enviada pela China, localiza qualquer pedaço de RNA equivalente. O exame é feito no hospital desde 2019, em parceria com o Grupo Felury.

“É importante se deter aos critérios estabelecidos pelo Ministério da Saúde. Portanto, é um caso suspeito do novo coronavírus aquele paciente com febre ou sintomas respiratórios que tenha histórico de viagem para a China nos últimos 14 dias ou ainda que tenha tido contato próximo com caso suspeito ou confirmado” – Vitor Martins, infectologista.

Entendendo que o acesso à informação é essencial para saber como lidar com possíveis casos do novo coronavírus, no dia 7 de fevereiro a Casa de Saúde São José realizou um seminário para funcionários e colaboradores. O objetivo foi tirar dúvidas sobre o que é o coronavírus, o quadro clínico, como fazer o diagnóstico, tratamento e apresentar o atual cenário epidemiológico da doença. 200 pessoas participaram do evento. “Mostramos o fluxo criado para atendimento no hospital e foram desdobrados vários treinamentos para os profissionais de saúde, visando à segurança do funcionário e do paciente durante o atendimento a possíveis casos”, contou Vitor Martins. A aula foi organizada pela Comissão de Controle de Infecção Hospitalar da Casa de Saúde.

Seminário sobre Coronavírus – Foto: Comunicação/CSSJ

O infectologista afirma que não há motivo para pânico e lembra que o vírus ainda não está circulando nem no Brasil e nem na América Latina, mas deixa um apelo: que as pessoas sejam orientadas para que, caso tenham viajado à China e apresentem sintomas como tosse, dificuldade para respirar e febre, procurem assistência médica em uma instituição de saúde. Além disso, o médico lembra que a população brasileira deve manter hábitos preventivos como: lavar as mãos, cobrir a boca ao tossir e manter os ambientes ventilados. No período de carnaval, onde há uma maior aglomeração nas ruas, Vitor recomenda que esses hábitos sejam seguidos com mais seriedade.

Fake News

Como o coronavírus é um tema em alta na sociedade atualmente, muitas informações falsas acabam circulando através das redes sociais. A recomendação do infectologista da Casa de Saúde São José é que as pessoas confirmem as informações no site do Ministério da Saúde, que criou uma página específica para listar notícias falsas sobre a doença: http://plataforma.saude.gov.br/novocoronavirus/

O novo coronavírus

Em entrevista para a equipe de comunicação da Femerj, o médico infectologista Vitor Martins da Comissão de Combate à Infecção Hospitalar da Casa de Saúde São José respondeu a algumas perguntas sobre o novo coronavírus. Confira!

  • O que é o coronavírus?

O Coronavírus é uma família de vírus já conhecida desde a década de 1960. Alguns tipos desse vírus causam apenas um resfriado comum, outros podem gerar síndromes respiratórias graves e levar a morte. Dois deles, o SARS-CoV e MERS-CoV, geraram epidemias no oriente, com altas taxas de mortalidade nos anos 2000. Nenhum desses dois tipos de coronavírus chegou no Brasil. Aparentemente, de 10 em 10 anos surge um novo tipo coronavírus. Esta nova variação, identificada na China no início deste ano, causa uma infecção respiratória mais grave, quando comparada as mutações anteriores. Os pacientes apresentam tosse e dificuldade para respirar. Em cerca de 20% das pessoas infectadas há uma evolução da doença atingindo certo grau de gravidade.

  • Como o coronavírus é transmitido?

Ele pode ser transmitido por via aérea, ou seja, pela tosse, pelo espirro de uma pessoa infectada, ou pelo contato com superfícies contaminadas, assim como uma gripe comum. Se a pessoa toca em uma superfície contaminada e depois coloca a mão no olho, no nariz ou na boca, acaba contraindo o vírus.

  • Quais os principais sintomas da doença?

Tosse, dificuldade para respirar e febre. 98% a 99% dos pacientes infectados pelo coronavírus tem febre, apenas em poucos casos, geralmente de idosos e pessoas que fazem uso constante de antitérmico, a doença pode vir esse sintoma.

  • O coronavírus pode ser fatal?

Sim, a letalidade da doença é de 2%. Este índice é um pouco menor do que os identificados nas epidemias dos tipos anteriores de coronavirus. Os pacientes de maior risco são idosos e pessoas com baixa imunidade.

  • Quais as diferenças do coronavírus para uma gripe comum?

A diferenciação não pode ser feita apenas pelo quadro clínico. Somente um diagnóstico feito por biologia molecular consegue identificar o novo coronavírus.

  • É possível que se tenha uma epidemia no Brasil como ocorreu na China?

É possível sim. A OMS, Organização Mundial da Saúde, decretou que o surto do novo coronavírus é emergência de saúde pública de interesse internacional. Mas não há motivo para pânico. Com o passar do tempo, vamos adquirindo mais conhecimento sobre o vírus e entendendo o seu comportamento. Desta forma, caso a nova mutação do vírus chegue ao país, vamos conseguir controlar para que não haja uma epidemia e se houver, não seja tão grave quantos outras.

  • Com o carnaval, evento que reúne uma maior quantidade pessoas nas ruas e o atrai turistas do mundo inteiro, as pessoas precisam se preocupar?

É importante destacar que, até o momento, não temos circulação do vírus na América do Sul e nem no Brasil. De qualquer forma, a recomendação é seguir rotinas básicas de higiene como lavar as mãos com frequência, passar álcool gel e manter a etiqueta da tosse cobrindo o rosto ao tossir e lavando as mãos em seguida, por exemplo. Não é recomendado também que quem esteja com sintomas de gripe ou com baixa imunidade participem de grandes aglomerações.

  • O Brasil está se preparando para atuar caso sejam confirmados diagnósticos de coronavírus no país?

O Ministério da Saúde criou rapidamente protocolos para serem seguidos pelos profissionais quando surgiu o primeiro caso suspeito do novo coronavírus no país. Além disso, as secretarias estaduais e municipais de saúde também estruturaram uma série orientações, dentro da cada realidade de cada região.

  • O senhor acha que as medidas preventivas que estão sendo adotadas pelo Ministério da Saúde em parceria com as secretarias estão sendo adequadas?

Sim. Os protocolos foram criados no tempo adequado e Ministério da Saúde está realizando um monitoramento eficiente sobre casos suspeitos que é atualizado com rapidez para a população na plataforma:
http://plataforma.saude.gov.br/novocoronavirus/

  • O hospital recebeu alguma recomendação em relação ao novo coronavírus?

Sim, recebemos materiais de recomendações de todas as instâncias: federal, estadual e municipal. Incorporamos essas informações e somamos com os guidelines americanos e europeus sobre a doença e criamos um protocolo próprio para casos suspeitos na Casa de Saúde São José.

  • Como fugir das fake news que estão circulando sobre a doença?

O ministério da saúde disponibilizou um site identificando quais informações que circulam pelas redes sociais são falsas ou verdadeiras. A população deve procurar esse site para confirmar as informações que chegam pela internet. https://www.saude.gov.br/fakenews/coronavirus

Foto: Comunicação/CSSJ

Vitor Martins é médico infectologista da Casa de Saúde São José e membro da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar.