O Hospital Adventista Silvestre e a Associação Lar São Francisco comemoraram o recebimento de EPIs. Até o momento, 70 milhões de reais já foram arrecadados na campanha. A expectativa do BNDES é que até o final do ano 500 filantrópicos sejam contemplados.
Natália Oliveira e Gabriel Leal
Nesta segunda-feira (03/08), a equipe da Femerj acompanhou representantes do BNDES em visita a dois hospitais filantrópicos do Rio de Janeiro que receberam doações da campanha Salvando Vidas, que já arrecadou mais de R$ 70 milhões para a compra de Equipamentos de Proteção Individual. A campanha é uma parceira do BNDES com a Confederação das Santas Casas de Misericórdia e Hospitais Filantrópicos (CMB), que foi representada pela Femerj nas visitas de hoje. O objetivo da campanha é garantir a segurança de profissionais de saúde que atuam na linha de frente no tratamento de pacientes infectados com o novo coronavírus.
O primeiro hospital a ser visitado foi o Hospital Adventista Silvestre, no Cosme Velho, Zona Sul do Rio. Durante a manhã, os representantes do BNDES e da Femerj conheceram as instalações da unidade de saúde que funciona há mais de 77 anos e se destaca pela modernidade e conforto das instalações. Os visitantes também conheceram a ala de oncologia do hospital, que está passando por reformas. Ranieri Leitão, um dos diretores da unidade, destacou que os EPIs são extremamente necessários, já que os profissionais de saúde acabam ficando expostos à uma carga viral muito alta e a prevenção é uma das principais formas de combater o novo coronavírus. “O aumento de preços e a escassez do material foi uma grande barreira enfrentada pelos hospitais para adquirir os equipamentos de proteção individual e gerir a crise”, afirmou Ranieri, reforçando a importância da campanha Salvando Vidas para os hospitais filantrópicos.
Eloi Marcondes de Lima Cezar, também diretor do Hospital Adventista Silvestre, disse que que a unidade recebeu máscaras, álcool em gel, capotes e EPIs. Segundo Eloi, esses equipamentos ajudaram a proteger os profissionais, evitar o contágio e permitir que eles pudessem atender mais pacientes com a Covid-19: “As pessoas com a pandemia pararam de pensar na individualidade de conquistar coisas e começaram a se preocupar com as pessoas. Esse projeto foi ideal porque nos ajudou a cuidar dessas pessoas, que têm um valor estimável para nós e para suas famílias”.
A segunda visita do dia foi na Associação Lar São Francisco, na Tijuca, Zona Norte da capital fluminense. Lá a equipe do BNDES e da Femerj se reuniram com o Frei Paulo, diretor da unidade e conversaram sobre as principais medidas que o hospital adotou no enfrentamento à pandemia. Os visitantes também conheceram instalações e ouviram relatos sobre a falta de leitos e os principais desafios dos profissionais de saúde na unidade. Frei Paulo afirmou que apesar da equipe do hospital ser muito experiente, a falta de informações sobre a Covid-19, assustou a todos. “Não conhecíamos nada sobre a doença. Todos ficaram muito assustados. Mas isso gerou uma união muito bonita. Trabalhamos em unidade, com humanidade e as coisas foram acontecendo”, contou o diretor.
Dentre os diversos desafios do Lar São Francisco, a escassez de EPIs e medicamentos foi um dos mais graves e, por isso, Frei Paulo disse que todos ficaram muito felizes quando receberam a notícia de que estavam contemplados no projeto Salvando Vidas: “Essa doação veio em um momento oportuno e nos trouxe uma grata alegria porque conseguimos garantir aos nosso profissionais a segurança para o enfrentamento à Covid-19. Frei Paulo ainda destacou que o Lar São Francisco foi surpreendido por perceber que havia um “grande organismo do bem” combatendo o coronavírus e que outras instituições estavam preocupadas com a saúde dos profissionais e pacientes da unidade.
O presidente da Femerj, Marcelo Perello, exaltou a campanha do BNDES e lembrou que essa pandemia trouxe um grande impacto financeiro para as instituições de saúde, principalmente para os filantrópicos. “É um gasto mensal muito grande com medicamentos e EPIs, principalmente em função do aumento de preço que esses materiais tiveram. Isso somado à queda de arrecadação com leitos, tornou a situação muito grave”, afirmou Marcelo. Segundo ele, ver as instituições privadas se mobilizando, com o apoio do BNDES, para trazer um alívio para os hospitais, através da doação de equipamentos de proteção individual, é muito gratificante.
Campanha Salvando Vidas
Lançada no início de maio, a campanha Salvando Vidas, realizada pelo BNDES em parceria com a CMB, arrecadou até agora entre 70 e 80 milhões de reais para a compra de EPIs. A iniciativa, que vai até novembro, já começou a distribuir os equipamentos para hospitais filantrópicos em todo o país. Mais de 30 empresas do setor privado doaram. A expectativa é de que até o final do ano, 500 instituições sejam contemplados.
João Paulo Pieroni, chefe do departamento do Complexo de Saúde do BNDES, esteve presente hoje nas visitas aos hospitais do Rio de Janeiro e afirmou que mais de mil instituições preencheram os requisitos para receberem as doações. O levantamento foi feito em parceria com a CMB e as Federações dos estados. Na primeira etapa 166 instituições foram contempladas, em 20 estados. A ordem para a entrega das doações obedece a dois critérios: número de óbitos e taxa de ocupação de leitos.
Julio da Costa Leite também representou o BNDES nas reuniões com a direção do Hospital Adventista Silvestre e do Lar São Francisco. Segundo ele, a Campanha Salvando Vidas é uma iniciativa inédita para o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social e faz parte de uma nova proposta do Banco: engajar o governo e a sociedade civil em questões sociais. “A gente quer fazer com que empresas e pessoas físicas entendam que cada um tem um papel na resolução dos problemas sociais. A Campanha Salvando Vidas é a primeira de muitas que virão, tanto no campo da saúde, educação, gestão pública, recuperação das cidades e desenvolvimento urbano. Isso é uma prioridade para a gente agora”, reforçou Júlio.
A Campanha Salvando Vidas é uma ação que soma recursos não reembolsáveis do Fundo Social do BNDES ao financiamento coletivo feito através de doações diretas e arrecadação com pessoas físicas e jurídicas, por meio da plataforma de matchfunding no site www.benfeitoria.com/salvandovidas. A cada R$ 1 doado pela sociedade civil ou por empresas, o BNDES aportará mais R$ 1 no projeto, até o limite de R$ 50 milhões. Assim, o Banco dobrará o apoio da população. O objetivo é chegar ao total de R$ 100 milhões.