Tem dúvidas sobre quem já pode se vacinar? Não sabe se as vacinas aprovadas pela Anvisa são seguras? A Femerj está acompanhando tudo de perto e te explica tudo sobre o início da vacinação contra a Covid-19
Natália Oliveira
Com o início da vacinação em todos os estados do país, o medo começa a dar lugar à esperança. Em um momento de tantas perdas e de exaustão dos profissionais de saúde que desde março vem entregando suas vidas no combate à pandemia, termos uma vacina segura e eficaz sendo aplicada à população é uma vitória. Uma vitória do SUS, do setor filantrópico, dos cientistas e pesquisadores do nosso país. Dias como esses que estamos vivendo esta semana são emocionantes, momentos e imagens que vão ficar para sempre na história.
No Rio de Janeiro, 488 mil doses chegaram na segunda-feira e a expectativa é que até o final dessa semana mais de 230 mil pessoas sejam imunizadas. É bom reforçar que nesse primeiro momento serão vacinados apenas profissionais da saúde que atuam na linha de frente no combate à Covid-19, profissionais envolvidos na própria campanha de vacinação, idosos que vivem em abrigos e pessoas com deficiência que residem em instituições de acolhimento. Ainda não haverá vacinação nos postos de saúde.
A vacina que está sendo aplicada no Brasil neste momento é a CoronaVac, desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac e testada pelo Instituto Butantan. Estudos mostraram que a vacina tem uma eficácia total de 50,38% entre os brasileiros, o que significa que reduz pela metade as chances de uma pessoa pegar o novo coronavírus. Mas, o mais importante é que a Coronavac impede o agravamento da doença, sendo 100% eficaz para prevenir casos graves. Com isso, quem for vacinado e contrair o vírus, não vai precisar de internação hospitalar. Além disso, de acordo com os dados apresentados pelo Instituto Butantan, a vacina é totalmente segura. Durante a testagem não foram registrados efeitos colaterais. Apenas 0,3% dos voluntários apresentaram reações alérgicas.
Veja aqui detalhes sobre a eficácia da CoronaVac
Cada pessoa que for vacinada pela CoronaVac vai precisar receber duas doses, com intervalo de duas a três semanas entre elas. Por isso, apesar das 488 mil doses que chegaram ao Rio de Janeiro, apenas pouco mais de 230 mil fluminenses conseguirão ser vacinados neste primeiro momento. A técnica de enfermagem do Hospital Ronaldo Gazolla, Dulcinéia da Silva, de 59 anos, foi a primeira pessoa a receber a vacina no estado, aos pés do Cristo Redentor. Em entrevista à Rede Globo, Dulcinéia afirmou que a vacina não dói e que não está sentindo nada. Com a experiência de quem está há 8 meses na linha de frente, a técnica de enfermagem reforçou a importância de todos tomarem a vacina e disse que essa é a única saída para vencermos a doença.
Quando a vacinação começa nos postos de saúde?
Como poucas doses foram distribuídas para os estados até agora, ainda não há previsão para o início da vacinação nos postos de saúde e clínicas da família. O governo do estado informou que vai se planejar à medida em que as doses da vacina forem chegando. Além dos profissionais de saúde da linha de frente e de idosos e pessoas com deficiência que residem em abrigos, o Plano Nacional de Imunização prevê que na primeira fase da vacinação também sejam vacinadas pessoas com mais de 75 anos, a população indígena e quilombola, e todos os demais trabalhadores da saúde.
Na cidade do Rio, o prefeito Eduardo Paes, divulgou também um plano de vacinação e fez um apelo para que a população não corra para os postos de saúde, mesmo quem está contemplado neste primeiro grupo que será imunizado. Idosos que não moram em abrigos só serão vacinados quando um novo lote de vacina for aprovado e enviado ao Rio, o que ainda não tem data prevista. Esse primeiro lote, enviado pelo Ministério da Saúde, deve acabar até o final dessa semana. Quando o segundo lote chegar, o prefeito da capital fluminense e os demais gestores municipais do estado vão divulgar como será feita a chamada para os idosos com mais de 75 anos se vacinarem. Provavelmente, será feita uma divisão por idade:
- 70 a 74 anos
- 65 a 69 anos
- 60 a 64 anos
O governo do estado já adquiriu 8 milhões de seringas e agulhas em estoque para a vacinação e está aguardando a chegada de mais 8 milhões, que devem ser entregues ainda em janeiro. A distribuição para os 92 municípios também já foi iniciada.
Saiba mais sobre o Plano de Vacinação no estado
Quando uma quantidade maior de doses da vacina estiver disponível, 1500 postos de saúde e clínicas da família devem participar da vacinação em todo o estado. Além disso, mais 3 mil postos podem ser criados em escolas, shoppings e quartéis de bombeiros. Na capital, a prefeitura antecipou que haverá vacinação no modelo drive-thru para idosos e no caso daqueles acamados, que não conseguem se deslocar, uma rotina de vacinação própria será implementada.
Por que a vacina de Oxford ainda não começou a ser aplicada?
Além da CoronaVac, a AstraZeneca, vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford em parceria com a Fiocruz, também teve o uso emergencial aprovado pela Anvisa. O pedido submetido pela Fiocruz se refere às 2 milhões de vacinas que serão importadas do Instituto Serum, um dos centros capacitados pela AstraZeneca para a produção da vacina na Índia. Apesar do acordo com o Instituto, o governo indiano ainda não liberou o envio das doses da vacina para o Brasil. A logística e o transporte dessas vacinas estão sendo negociados pelo Governo Federal.
“A Fiocruz e todo o seu corpo técnico tem se dedicado incansavelmente para disponibilizar vacinas para o SUS e para a população brasileira. A autorização do uso emergencial concedida reflete a seriedade do trabalho que vem sendo feito pela instituição. A Fiocruz tem realizado todas as ações possíveis em sua esfera de competência para que essas vacinas cheguem ao seu destino o mais rapidamente possível”, destaca a presidente da Fundação, Nísia Trindade Lima.
A AstraZenica tem 70,4% de eficácia na prevenção do novo coronavírus e também deve ser aplicada em duas doses. De fácil armazenagem, as doses da vacina poderão ser conservadas em geladeiras comuns, com temperatura entre 2 e 8 graus, o que facilita o envio de remessas para os municípios do interior. Quando as vacinas chegarem ao Rio de Janeiro, seguirão para a Fiocruz onde serão rotuladas e enviadas para distribuição.
Com a chegada do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA), matéria prima da vacina de Oxford, a Fundação poderá escalonar as entregas para atingir a marca de 50 milhões de doses até abril e 100,4 milhões de doses até julho de 2021. A expectativa é que no segundo semestre deste ano, não seja mais necessária a importação do IFA, que passará a ser produzido também na Fiocruz. Isso garantirá autonomia para o país e a continuidade da vacinação para toda a população brasileira.
Abrace a Vacina!
A Covid-19 atingiu quase 90 milhões de pessoas em todo o planeta, com quase 2 milhões de mortes, segundo dados oficiais da Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, são mais de 8 milhões de casos, com mais de 200 mil mortos. O país é o segundo no ranking mundial de óbitos pelo novo coronavírus durante a pandemia. Diante desse cenário, a campanha “Abrace a Vacina”, lançada pelo Direitos Já! Fórum pela Democracia e a Frente pela Vida, tem como objetivo incentivar a população a se vacinar.A Femerj apoia esse movimento, pois acredita na ciência e na importância da vacinação para vencermos a Covid-19.
Conscientizar a população sobre a segurança e eficácia da vacina e estimular as pessoas a se vacinarem precisa ser uma luta de todos nós. Com informação e união conseguiremos vencer essa pandemia. A campanha já conta com a adesão de mais de 200 entidades. O Conselho Nacional de Saúde (CNS) está engajado na iniciativa e convoca todas as entidades que integram o controle social da Saúde para participarem ativamente desse movimento.
“Vacinar-se é um ato solidário, de amor e de responsabilidade de todas e todos em prol da sociedade. Nós, do Conselho Nacional de Saúde, abraçamos a vacina e nos engajamos nessa campanha que defende o Sistema Único de Saúde e a vida de toda a população brasileira”, destaca o presidente do CNS, Fernando Pigatto.