O evento, considerada a maior instância de participação social no Sistema Único de Saúde, aprovou mais de mil novas propostas para a saúde pública brasileira.
A Femerj marcou presença na 17ª edição da Conferência Nacional de Saúde, realizada no início de julho, entre os dias 2 e 7 deste mês, em Brasília (DF). O evento deste ano, que tinha como tema “Garantir direitos, defender o SUS, a vida e a democracia – Amanhã vai ser outro dia!” contou com a participação de quase 6 mil pessoas entre representantes da sociedade civil, entidades, fóruns regionais, movimentos sociais e organizações. Em uma edição histórica, a CNS de 2023 representou resistência e defesa da democracia, retomando a participação popular e do diálogo, da diversidade e representatividade, do combate ao preconceito e às desigualdades, visando ter um SUS cada vez mais inclusivo e universal para todos os brasileiros.
Ao longo da conferência, 1.190 propostas e 240 diretrizes foram aprovadas pelos presentes e poderão, agora, servirão de subsídio para a elaboração do Plano Nacional de Saúde e do Plano Plurianual de 2024-2027. Tais sugestões vieram de conferências municipais e estaduais de saúde e também das de conferências livres de saúde que aconteceram ao longo dos primeiros meses deste ano em diversos locais do Brasil.
Representando os interesses das instituições filantrópicas e hospitais beneficentes do Rio de Janeiro, a Femerj fez parte da delegação do estado do Rio de Janeiro. Por ocupar uma cadeira de gestor prestador de serviços do SUS no Conselho Estadual de Saúde (CES), a Femerj pode discutir e deliberar sobre as temáticas do evento exercendo o poder de voto nas propostas e diretrizes apresentadas.
“A Conferência Nacional nos rendeu bons momentos de troca entre os parceiros da nossa rede SUS. As discussões sobre as diretrizes e propostas foram no sentido de promover o seu fortalecimento enquanto sistema de acesso universal e democrático, em especial após a maior crise sanitária que já enfrentamos no país. Para o nosso segmento, a importância de ampliar e garantir o efetivo financiamento foram destaques nos grupos de trabalho”, comentou Caroline Caçador, Gerente Executiva da Femerj.
Dentre as propostas aprovadas, damos destaque à ampliação do financiamento do SUS com o aumento do investimento pelo PIB. Atualmente, é pouco menos de 4% para a saúde pública, que se mostra insuficiente para desenvolver todos os programas, ampliar a rede e atender a população que depende do SUS.
Em entrevista à Agência Brasil, o presidente do CNS, Fernando Pigatto, afirmou que “as diretrizes e propostas configuram um novo momento do SUS, de reafirmação dos princípios históricos, mas também de trazer a pauta da equidade com uma visibilidade maior. Isso foi um destaque. Os movimentos sociais e a diversidade do povo brasileiro ali presente com a sua representação, os povos de terreiro, a população negra e quilombola, a população indígena, com deficiência e LGBTQIA+”.
Como resultado das discussões realizadas no evento, um relatório final da 17ª CNS será finalizado e entregue ao Conselho Nacional de Saúde. Depois, o documento será debatido com o Ministério da Saúde. Terminado este processo, uma resolução será votada na plenária do conselho nos dias 19 e 20 de julho, produzindo um documento oficial que será entregue ao Ministério da Saúde para embasar o Plano Nacional de Saúde e o Plano Plurianual de 2024 a 2027.
Conferência Nacional de Saúde
As conferências de saúde são espaços de participação popular e diálogo entre gestores da área de saúde e a sociedade. Elas são realizadas a cada quatro anos para definição e construção conjunta das políticas públicas do SUS. Gestores, fóruns regionais, organizações da sociedade civil, movimentos sociais e muitos outros atores se reúnem nesse evento organizado pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS) e o Ministério da Saúde (MS).