Mais de 80 mil unidades já foram doados. Para receber os medicamentos que seriam descartados pelo setor farmacêutico, mesmo estando dentro do prazo de validade, basta se cadastrar na plataforma e apresentar a documentação necessária
Natália Oliveira
A PegMed, startup de impacto socioambiental, disponibiliza para instituições filantrópicas da área da saúde uma plataforma web de doação de medicamentos e materiais hospitalares. A startup faz a ponte entre indústrias farmacêuticas, distribuidoras e importadoras de medicamentos, farmácias e drogarias com as unidades de saúde filantrópicas, que recebem os medicamentos gratuitamente. Desta forma, medicamentos com validade de um mês a um ano, que seriam descartados e incinerados pelo setor farmacêutico, são doados para hospitais cadastrados.
Hoje, a PegMed conta com 19 doadores e 69 instituições inscritas para receberem o material, entre ONGs, Secretarias de Saúde, Hospitais e Instituições Filantrópicas. No total, desde que a plataforma começou a funcionar, em outubro de 2019, mais de 80 mil unidades de medicamentos foram doadas. O CEO da startup, Rodrigo Miranda, contou que a demanda aumentou muito com a pandemia da Covid-19: “Nós nascemos sociais e ambientais. Nosso objetivo sempre foi ajudar quem precisa. Com a pandemia a gente decidiu desonerar as indústrias que passaram a poder se cadastrar gratuitamente na plataforma. Assim, aumentamos muito nosso volume. Superou nossas expectativas”.
Antes da pandemia, todos os custos com a plataforma ficavam por conta das empresas do setor farmacêutico, que acabavam economizando com a logística reversa e com a incineração dos medicamentos. Além disso, participar da iniciativa agrega valor para a marca, por ser uma ação de responsabilidade social e proteção ambiental.
Para os filantrópicos e demais instituições que recebem os medicamentos não há qualquer custo. Basta ser legalizada, fazer o cadastro no app.pegmed.com.br e enviar a documentação necessária: CNPJ; Inscrição Municipal; Inscrição Estadual; Estatuto; Fundação; Registro Farmacêutico; Alvará Anvisa; e Certificado de Filantropia (quando necessário). Segundo Rodrigo Miranda, a decisão de procurar a Femerj e outras federações teve como objetivo dar segurança jurídica tanto para as instituições filantrópicas, quanto para as farmacêuticas e para a própria PegMed.
“Como estamos trabalhando com medicamentos, precisamos de toda uma base legal para fazer esse canal de uma forma segura. As farmacêuticas exigem uma série de documentações e através da Femerj e de outras federações, conseguimos ter acesso às Instituições que mais precisam sem preocupação”, afirmou o CEO.
Descarte de medicamentos
Fonte: PegMed
A sobra de medicamentos dentro do prazo de validade na indústria farmacêutica é muito grande. Ao invés deles serem encaminhados para quem necessita, esses medicamentos são recolhidos dos revendedores e incinerados na maior parte dos casos.
Com 180 dias do prazo de validade, a indústria farmacêutica já não pode mais comercializar esses medicamentos e tem que arcar com a logística reversa e a destinação correta dos produtos, seguindo normas da Anvisa. Para isso, as empresas acabam gastando milhões anualmente e desperdiçando uma grande quantidade de remédios, que poderiam ser utilizados por hospitais, instituições e até famílias que não tem condições de comprá-los.
Em 2014 foram desperdiçados no Brasil 16 bilhões de reais em medicamentos somente no excedente industrial que não foi comercializado.
O descarte de medicamentos é um desafio sanitário, já que eles são altamente poluentes para o solo e para a atmosfera. A intenção da Plataforma PegMed é ajudar a eliminar o descarte e ajudar quem não tem acesso. Na pandemia do novo coronavírus, a sobrecarga no setor de saúde pública, deu mais evidência ao problema.
“A incineração de medicamentos na validade é um absurdo. Não pode acontecer na escala que acontece. Quando entramos no mercado vimos muito poucas iniciativas como a que estamos propondo. E é uma situação muito grave, com impactos sociais, econômicos e ambientais”, afirmou Rodrigo Miranda, CEO da startup.
Alguns hospitais não conseguiram comprar medicamentos durante a pandemia por escassez ou pelo aumento de preços. Enquanto isso, tanto no mercado farmacêutico, quanto nas “farmacinhas de casa”, muitos remédios continuaram sendo desperdiçados.
O próximo passo da PegMed é lançar um aplicativo que conecte pessoas físicas com medicamentos sobrando ou prestes a acabar a validade, com pessoas que precisam desses remédios.
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A assessoria jurídica da Femerj preparou um modelo de contrato que pode ser firmado entre as instituições afiliadas e a PegMed, para formalizar a parceria e dar mais segurança aos associados.
Quem for afiliado e quiser solicitar o modelo, basta entrar em contato pelo email: [email protected] . Reforçamos que o modelo é uma sugestão e deve ser analisado pelo departamento jurídico de cada instituição.
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