Outubro Rosa 2020 tem o desafio de incentivar retomada de diagnósticos em meio à pandemia

Primeiro semestre trouxe um cenário preocupante para o enfrentamento ao câncer de mama. Houve uma queda acentuada no número de mamografias e cirurgias. O impacto será sentido já no próximo ano, segundo especialistas e trará um novo desafio para o SUS. O Hospital Mário Kroeff reforça a importância do diagnóstico precoce como principal caminho para a cura
Natália Oliveira

Todos os anos, no mês de outubro a sociedade se mobiliza para conscientização sobre o câncer de mama e para reforçar que o diagnóstico precoce é o principal caminho para o controle da doença, que acomete em média 12 a cada 100 mulheres no mundo. O Outubro Rosa se torna fundamental para levar informação para a população e cobrar do poder público uma estrutura que faça um rastreamento eficaz dessas mulheres através da mamografia, capaz de detectar tumores na fase inicial, com menos de um centímetro. De acordo com Domingos Garcia da Costa Filho, coordenador da Mastologia do Hospital Mário Kroeff, os dados mostram que se a paciente descobrir o tumor com até dois centímetros, as chances de cura superam 95%.

Em países em desenvolvimento como o Brasil e a Índia, por exemplo, o diagnóstico precoce segue sendo um grande desafio. Aqui no país, a maioria das pacientes são diagnosticadas já na fase 2 ou 3 da doença, quando os tumores já medem em média de 3 a 5 centímetros, que é quando a mulher já consegue sentir o nódulo ao apalpar a mama. Para Domingos, há três motivos principais para o diagnóstico tardio no Brasil: a logística no acesso à mamografia; a dificuldade para consultar um especialista; e o baixo nível de escolaridade. Ter informação, em casos como o câncer de mama, é essencial para reduzir as taxas de mortalidade. Em países como Bélgica, Holanda, França e Portugal, 90% das pacientes com câncer são diagnosticadas na fase um, quando o tumor está em fase bem inicial.

Foto: Rio Imagem

“A mamografia reduz a mortalidade. É um exame de rastreio, de alta sensibilidade e especificidade. Fazer uma busca ativa, rastrear quem tem um nódulo, antes mesmo que esse seja percebido, aumenta muito o controle do câncer de mama”, afirma Domingos. Segundo a Sociedade Brasileira de Mastologia, a indicação é que mulheres façam a mamografia anualmente a partir dos 40 anos. Além disso, os médicos também podem solicitar ultrassonografias e ressonâncias para concluir o diagnóstico.

Tratamento precoce pode evitar retirada da mama e aumentar chances de cura

A Lei Brasileira estipula que o tratamento para o câncer de mama comece em no máximo 60 dias depois da confirmação do diagnóstico. O coordenador de mastologia do Hospital Mário Kroeff afirma que em casos mais avançados, quando não foi possível fazer um diagnóstico precoce, o ideal é que esse tempo seja menor: de 30 a 40 dias. O médico destaca que o SUS é o maior sistema de saúde do mundo e tem uma excelente abrangência, mas que ainda precisamos evoluir muito para reduzir esse tempo entre o diagnóstico e o início do tratamento.

“Houve uma evolução muito grande da quimioterapia para tumores avançados nos últimos anos. As pacientes que iniciam o tratamento com tumores de cinco centímetros, o que é considerado avançado, já conseguem, muitas vezes, fazer o tumor desaparecer no final de quatro meses. Iniciar o tratamento rápido pode simplesmente fazer com que essa mulher não precise mais tirar a mama”, explicou Domingos.

Está começando a ser implementado no Rio de Janeiro o Programa de Navegação de Paciente, que é um processo coordenado de assistência individualizada oferecido com o objetivo de superar as barreiras encontradas no Sistema de Saúde, que dificultam o acesso ao tratamento. Essa nova modalidade vem dando certo em outros países e, no estado, está começando a ser adotada para atender às pacientes com câncer de mama. 

O “navegador” é um profissional treinado para ajudar essas pacientes a iniciarem o tratamento em tempo hábil. Ele orienta em todas as etapas: lembra prazos, verifica quais exames que são realmente necessários, orienta na realização do risco cirúrgico, ajuda nos agendamentos com os médicos, dentre outras coisas, até que a paciente chegue a um hospital de referência. O Hospital Mário Koeff já treinou dois funcionários para serem navegadores e acredita que, por mais que o programa ainda esteja em fase embrionária, tem tudo para funcionar.

Pandemia de Covid-19: grande adversário na luta pelo diagnóstico precoce

O Outubro Rosa deste ano tem mais uma missão: conscientizar as mulheres da importância de fazer os exames de rotina e procurar um mastologista quando sentir qualquer alteração na mama mesmo em tempos de pandemia. O primeiro semestre de 2020 trouxe um cenário preocupante para o enfrentamento ao câncer de mama, pois freou muito o rastreio da doença no país. No Hospital Mário Kroeff, por exemplo, o número de cirurgias realizadas por semana caiu de 20 para 8.  Essa queda, de mais de 50%, não deixa dúvidas de que há uma enorme demanda reprimida, que vai exigir ainda mais do Sistema Único de Saúde nos próximos dois anos.

“Onde estão essas mulheres?”, pergunta o coordenador de mastologia do hospital. Segundo ele, a unidade de saúde já está recebendo pacientes com tumores de 7 a 8 centímetros, que preferiram ficar em casa mesmo identificando o nódulo. “Essas pacientes vão chegar em algum momento. Muitas sem condições de operar e terão que se submeter a um tratamento oncológico pesado”, lamenta o mastologista, que pede que as mulheres não deixem de ir ao médico: “Não dá para ficar esperando. Vá de máscara, se proteja para sair de casa, para fazer o exame, mas não deixe de ir”.

A campanha do Outubro Rosa 2020 tem como tema “O Quanto antes melhor”. Além de falar sobre a importância do diagnóstico precoce e da mulher cuidar diariamente da saúde, mantendo uma alimentação saudável e atividades físicas, o tema faz referência ao momento em que estamos vivendo. Segundo o Ministério da Saúde, no primeiro semestre de 2020 foram feitas 1 milhão de mamografias a menos, quando comparado ao mesmo período de 2019 e 2018. De acordo com a pasta, a pandemia de covid-19 foi o fator principal para a diminuição da procura por esse serviço, ainda que as unidades de saúde tenham mantido o atendimento e a oferta de tratamento às pacientes.

Para Domingos, não há dúvidas de que haverá uma sobrecarga do sistema e o Hospital Mário Kroeff já está se preparando para mais esse desafio. “O SUS foi colocado a prova com a pandemia e será colocado a prova também no pós pandemia. A gente vai se preparar para isso como pudermos, porque não há dúvidas de que esse momento vai chegar”, afirmou o mastologista.

Quer participar do Outubro Rosa e ajudar o Hospital Mário Kroeff? Saiba como!

O Hospital Mário Kroeff é um hospital filantrópico, afiliado à Femerj, que dedica mais de 90% dos atendimentos aos pacientes do Sistema Único de Saúde. Geralmente, são feitas 20 cirurgias de câncer de mama por semana, totalizando 80 mulheres operadas por mês. Isso com uma equipe de apenas seis médicos. Por isso, a unidade de saúde depende muito da solidariedade da população, que ajuda os profissionais a continuarem salvando vidas.

O Hospital recebe doações dos mais variados tipos, desde a ajuda financeiras, até a entrega de alimentos. Neste mês, em especial, você tem mais duas formas de contribuir. Uma delas é comprando a camisa comemorativa do Outubro Rosa. Por apenas R$ 40 reais você entrará nessa batalha em prol daqueles que lutam diariamente contra o câncer. Todo o dinheiro arrecadado na venda das camisa está sendo destinado ao tratamento de pacientes com câncer de mama no Hospital Mário Kroeff.

Participe da Corrida de Prevenção ao Câncer de Mama

Outra forma de contribuir com o Hospital Mário Kroeff é participando da II Corrida de Prevenção ao Câncer de Mama que este ano está acontecendo de uma forma diferente, totalmente virtual. Como?

  • Escolha a distância e inscreva-se no Ticket Agora
  • Corra quando e onde quiser, marcando o tempo e distância
  • Envie um comprovante de tempo para validar sua corrida
  • Receba seu kit e medalha em casa

Inscreva-se!

O evento esportivo será realizado na categoria individual (masculino e feminino) entre os dias 01 e 31 de outubro. A corrida pode ser realizada em qualquer lugar e horário da sua preferência. Você poderá escolher entre fazer a caminhada de 3 km ou as corridas de 5km e 10km. São três pacotes e o valor da inscrição será repassado ao Hospital Mário Kroeff:

  • KIT BÁSICO – Nº de peito digital + certificado digital – R$ 14,90
  • KIT 1 – Máscara alusiva ao evento + nº de peito + certificado digital – R$ 29,90
  • KIT 2 – Máscara alusiva ao evento + nº de peito + certificado digital + medalha – R$ 39,90